segunda-feira, 30 de junho de 2014

#118 Quando alguém morre


Comecei a perder pessoas ainda cedo... cedo...? Pois, não sei.

Acho que nunca se é tarde para morrer. Nunca é tarde para que alguém que amamos, parta e para mais: em definitivo (no que a esta vida física diz respeito).

Relembro amigos que eram como irmãos, relembro irmãos de sangue, mesmo. Relembro avós, relembro o meu Pai.

Outros, terão ainda menos gente viva dessa, consigo. Outros, nunca sequer os tiveram alguma vez.

Na verdade, claro que dói. Dói sempre.

Regressamos a imagens, a vivências, a lugares... vezes sem conta. Encontramos as suas faces em rostos desconhecidos. Em sussurros que nos traz o vento, que toca nas copas das árvores.

Sei que ainda muitos irão partir, de entre aqueles que mais amo. E algum dia partirei eu, também.

Não tenho medo da morte, tão presente que ela tem sido na minha vida, desde miúdo, quando até a mim me queria levar vezes sem conta.

O maior desafio é não pensar nela. A nenhum instante, a nenhum momento. E viver apenas despreocupadamente, responsavelmente, amando e tocando os seres que connosco se cruzam. E não os esquecer...

Isso, não. 



sábado, 28 de junho de 2014

#117 Faltam 32 dias


Hoje é um dia tão bom como qualquer outro para fazer contas. Para avaliar o passado, perspectivar o futuro e saborear o presente.

Hoje, que é dia 28 de Junho de 2014, faltam 32 dias para mais um aniversário meu, desde que nasci neste corpo físico e fui chamado por este nome.

De lá para cá... tanto que sucedeu. 

Tenho tido uma vida longa em episódios. Rica em amizades. Cheia de perdas, também.

Lágrimas que recordo derramadas várias vezes. mas também gargalhadas altas e a bom som, todos os dias.

Tantos abraços que dei, tantos abraços que recebi! Tanto amor que me tem sido dado e que a custo tento retribuir.

Na verdade, cada vez que algo me corre mal ou me sinto deprimido (sim, sou uma pessoa normal nesse aspecto) dou início de imediato ao processo que me levará a dar a volta por cima.

É nisso que acredito. 

Na capacidade de nos reinventarmos. Na força que encontramos quando tudo parece ruir. Na alegria que descobrimos ao olhar o sol, ao observar as plantas e a vida que surge em cada canto e a cada instante.

Nem sempre encontro o meu remédio adequado. Nem sempre vislumbro o resultado da cura.

Mas jamais desistirei de me tentar tratar, escrevendo vezes sem conta. Descobrindo nas palavras a esperança do fármaco mais adequado, para a dor mais intensa, que me conduza ao tratamento mais duradouro. 

Na escrita, desde sempre que TE vejo. Que TE ouço. Que TE procuro. E encontro-TE, no meio desta selva, perdido. E encontro-ME. 

A b r a ç o - TE - ME 



E SOU.
  

sexta-feira, 27 de junho de 2014

#116 Nada se perde, tudo se transforma


Tem sido um ano incrível! E ainda só vamos a meio.

Novas entradas, velhas saídas. Pessoas que entram e saem das nossas vidas, ou pura e simplesmente se transforma a maneira como estão. Ou partem em definitivo, cumprida que está a sua missão. Umas talvez regressem. Outras não.

A vida de facto, é um bonito mistério... antevejo alguns cenários que me esperam. Mas mesmo esses... podem alterar-se num segundo, como todos sabemos.

Gerir a vida não é tarefa aparentemente simples, mas com um sorriso: tudo fica mais fácil.

Até já.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

#115 Bahamas ou Maldivas?


Não tenho ainda o Verão todo programado. Mas vou passar por Idanha-a-Nova, como sempre o faço, de dois em dois anos.

Sempre gostei de Portugal. 

E dos(as) portugueses(as) também, ainda que por esta altura não ultrapassem os 15% da totalidade dos cerca de 30.000 cidadãos presentes.

Não se pode dizer que seja bem o país habitual, ou as gentes normais de Castelo Branco, que por aqui deambulam em maioria, nesta altura...

Ainda assim e para quem nunca foi, aqui está o repto a que o façam, pelo menos uma vez na vida e conheçam este pedaço de paraíso. 

Paraíso Artificial, é certo! Mas ainda assim, bem mais verdadeiro do que muita da "objectividade diária" que nos é ventilada.

Tabus off. Preconceitos off. 

Sim, já sei que não é para todos(as)... Naturalmente é para mim, que visto a pele de sociólogo sem estereótipos e com todo o gosto me desvaneço na multidão. Observando, participando e percebendo que andamos (eu já não e há muito tempo) mesmo ao contrário no nosso dia a dia.




terça-feira, 24 de junho de 2014

#114 Nostalgia


Às vezes passam anos e anos, mas há coisas que não se esquecem.

Viagens que se fazem e que não se esgotam com a espuma do tempo, que leva apenas o que menos nos marca.

Agora, o que nos é tatuado na alma, pela intensidade e pelas memórias que persistem: permanece vivo para sempre.

Tenho algumas dessas memórias assim. E ainda bem. São momentos que não esquecerei, vivos que se encontram, passem os anos que passarem.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

#113 As despedidas que se vão instalando


Sexta passada foi um dia intenso. Sábado dia 21, também.

E assim, aos poucos os diversos processos de despedida vão-se instalando e ganhando corpo. Alguns, demorarão ainda o seu tempo, passo a passo. Com os seus avanços e retrocessos. 

Pessoas, lugares, opções de vida, dogmas do passado, sei lá eu que mais.

Cargas psicológicas fortes que precisam ser arrumadas e ter o seu lugar na história, no nosso Livro dos Sentires.

Na verdade, procuremos o que nos faz sorrir, prejudicando o menor número de pessoas possível (de preferência nenhuma) sem dar lugar a tabus, preconceitos ou verdades adquiridas.

No fundo: SER é o caminho! Por contraposição a: TER.

E para se SER em pleno, só em liberdade de consciência. Essa liberdade, temo-la em todo e qualquer lugar, caso a instalemos.

Mas há locais físicos exclusivamente concebidos e desenhados para esse efeito, onde a magia faz parte do quotidiano. Lá está... se assim o quisermos interpretar. 

E ainda que não sejam locais duradouros, o que deles extraímos, garantidamente: É. 

Há despedidas que não farei, porque não quero.


domingo, 22 de junho de 2014

#112 A física do futuro


"Como a ciência moldará o mundo nos próximos cem anos" - é a tradução em português de um livro que aconselho aos mais despertos.

É seu autor Michio Kaku: físico-teórico, professor, co-criador da "Teoria de Campos de Corda".

Nesta peça fundamental para entendermos o que aí vem, Kaku baseia-se em depoimentos de 300 cientistas dos mais reputados do mundo, incluindo os vários Prémios Nobel.

Aparentemente para quem não goste de física (certamente por não entender o quanto ela nos afecta), este poderia ser um livro maçudo.

Todavia, nele não encontramos equações, mas sim perspectivas verdadeiramente transformadoras do que está precisamente AGORA a acontecer na ciência, lançando as bases do futuro próximo.

Desconcertante e revelador do que passa ao lado da esmagadora maioria das pessoas.

Ler ou não: é uma opção. De resto, como a atitude a ter perante a sabedoria que vamos absorvendo, neste e noutros fóruns. 


sábado, 21 de junho de 2014

#111 Parabéns Pai!


Farias hoje 88 anos.

No primeiro dia oficial de Verão, segundo o nosso calendário das estações e é fácil perceber porquê... porque eras e és o meu Sol.

Nem todos temos a sorte de nesta vida nos ser dada a possibilidade de termos um bom Pai e uma boa Mãe.

Muitos perdem-nos cedo. Outros, não os conhecem. Outros, mais valia não os terem tido.

Eu tive e tenho essa sorte, que agradeço todos os dias.

Porque mais importante que o tempo que privamos com quem amamos, independentemente dos laços e de quem seja, o que mais conta é a intensidade do que vivemos e a aprendizagem que adquirimos.

Eu tenho ao meu serviço, os mais catedráticos professores, da Universidade dos Valores e Princípios.

São eles a minha Mãe, que permanece fisicamente e espero eu por muitos anos e o meu Pai - esse grande Comandante de Bombeiros, voluntário toda a sua vida, que já não está no "mundo dos vivos" mas... que para mim, que sinto a sua presença todos os dias e que o carrego comigo para todo lado onde vou, está afinal talvez: ainda mais vivo do que nunca.

Parabéns Pai! Como bem sabes, continuamos juntos e já sabes que continuo a sorrir todos os dias.

Tu, que tão bem me conheces, sabes que nem poderia ser de outra forma!

E é curioso, fazeres anos numa capicua e ser também ela a numeração do meu post de hoje. É um sinal teu?

Até já.





*ao interessados que queiram por ventura saber mais da sua história, aconselho a visita ao blogue criado em sua homenagem, dinamizado pelo meu irmão Nélson (para mim, o Xinho).

terça-feira, 17 de junho de 2014

#110 As pessoas mudam


Só não muda quem não evolui. Quem não lê. Quem não se documenta. Quem não vive. Quem não aprende com a experiência. Quem não amadurece.

Claro está, que não mudamos na essência.

Ao longo da vida tenho aprendido bastante. Muitas das vezes como já aqui falei, aprendo através da dor que cumprimento respeitosamente e saúdo, pelo tanto que me ensina.

Outras vezes, a aprendizagem surge naturalmente, fruto do tempo que passa e nos auxilia a pensar. Pode bastar um mero segundo, para que o clique mágico se dê.

Importante, é não trairmos a nossa consciência. E irmos aprendendo com os erros.

Por vezes parece um caminho longo, mas surgem sempre atalhos e auxílios inesperados.

Isto, a propósito de mim próprio, quando olho para trás. Tanta coisa errada que já fiz. Mas também, tanta coisa certa que tenho feito!

De manhã quando acordo, olho-me ao espelho e continuo a ter muito orgulho no gajo que lá vejo. 

Isso para mim, será sempre a minha estrela do norte, a minha linha orientadora, o meu guia.

Tudo o resto, passa-me ao lado.


sábado, 14 de junho de 2014

#109 Não sou daqui


Há dias em que desperto e percebo que vivo rodeado de pessimismo. Quando saio à rua e ouço as conversas. Quando olho nos olhos das pessoas e lhes adivinho a tristeza. Quando converso e ouço a descrição dos seus problemas e a forma como julgam não os poder vencer.

Por outro lado, eu próprio não quero ter as suas vidas. Quero antes a minha.

Não quero o dinheiro do Cristiano Ronaldo. Não quero a fama do Brad Pitt. Não quero ser mais jovem. Não quero ser mais velho.

Nem sequer queria que a vida me tivesse corrido melhor, porque aprendo todos os dias com a experiência das dores que tive e sorrio, quando penso nas dores que ainda terei e os ensinamentos únicos que delas extrairei. Até porque no encontro com a dimensão da dor, se aprecia melhor a dimensão do prazer, quando a vivemos.

Talvez gostasse de viajar mais. Mas na verdade, esse só seria um lamento de facto, se não me sentisse a viajar quando medito. Se não viajasse tanto quando dialogo com as pessoas com as quais me cruzo, se não viajasse tanto nos olhares que comigo se tocam, se não viajasse para tão longe... quando observo a natureza.

Talvez gostasse de ter mais tempo. Mas na verdade, o tempo que tenho, é o tempo de que preciso! Se tivesse mais, talvez não soubesse o que lhe fazer e não o aproveitasse tão bem, quanto sei que aproveito o tempo que agora tenho.

Não sou daqui... Sou de outra linhagem. De outra gente. Da terra do tudo e do nada.

Mas... nem sempre fui de tão longe daqui... a distância era talvez menor.



Mas agora sou dessa terra de longe. Dessa galáxia intemporal, onde os valores são outros e se vive na diferença, sentindo-a e aprimorando-a. 

Sim, agora sou "desse Longe". E é para lá que vou, a cada passo que dou.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

#108 Dia de sol, em casa


Um radiante dia de sol! Já o haviam prometido os noticiários, o boletim meteorológico e os sinais no céu, eram por demais evidentes.

Imaginei as praias repletas de gente, nomeadamente de todos quantos aproveitam hoje o feriado de Lisboa, ou de Cascais.

Imaginei as filas de espera nos restaurantes à beira mar, o brilhante sol a queimar as peles e a bronzear os não morenos.

Lembrei-me de que sou moreno todo o ano, de que em casa o ar condicionado me sabe tão bem e pensei em todos os livros que não li e das papeladas por arrumar, dispersas um pouco por todo lado. 

Haverão certamente outros dias para dar um mergulho (pelos vistos o sol continua um pouco por todo o fim de semana e certamente ainda outros dias quentes virão).

Resultado: escolhi sorrir, no meio do cheiro dos livros e das minhas anotações, na habitual e excelente companhia, recordando momentos soltos e dispersos em papéis, que contam tantas e tantas histórias... Muitas que guardo para sempre, só eu.

Olhei para a colecção de cd's imensa, que tenho acumulado ao longo dos anos... músicas que não escuto há muito, a par do silêncio, que cada vez mais gosto de escutar.

E também algum descanso, que isto de dormir quotidianamente sempre pouco, obriga por vezes (ainda que raramente) a um momento de excepção.  Tive-o hoje.

No fundo, não é preciso muito para me sentir feliz.


Viver, também é muito isto.



quinta-feira, 12 de junho de 2014

#107 O Caos é lindo


Alterações climáticas profundas em curso, que nos levarão ao fim.

Bancos em falência um pouco por todo mundo. Redes sociais por todo o ciberespaço, agrupando centenas de milhões de pessoas antes (e agora também) desconhecidas, mas com a ilusão de se conhecerem.

Ao mesmo tempo, nascem e morrem biliões. Automóveis por todo lado circulam, nascem prédios novos todos os dias, as pessoas aderem a novas religiões, outras vibram com o futebol e enchem-se ainda recintos de espectáculos, para serem vistos os artistas favoritos. 

Tantas e tantas mais coisas que acontecem, a cada nanosegundo que passa... sorrisos e lágrimas.

Impávido e sereno a tudo isto: o sol nasce e parte, todos os dias. O mar dança como sempre e o céu deixa cair gotas de chuva, ou mostra-se tímido entre dias de neblina, ou afirmativo e resplandecente como hoje.

Sim, tudo acabará um dia. Mas o caos é lindo, dependendo da perspectiva, da pureza dos olhos que o observam. Uma vez alinhados, só nos podem despertar compaixão pelos que sofrem (alguma por nós mesmos) e a vontade de contemplar esta ordem desordenada, esta orquestra que desafina afinada e gritar bem alto:


É BOM ESTAR VIVO!  



quarta-feira, 11 de junho de 2014

#106 Meia dúzia de palavras


Às vezes bastam meia dúzia de palavras certas e ditas no momento exacto, para mudar o sentido de uma vida. Ou um olhar. Ou um abraço bem dado e apertado.

O poder que temos nas mãos, todos os dias, é por isso enorme.

Vivermos, cruzarmo-nos e assim interferirmos nas vidas uns dos outros, é uma dádiva e simultaneamente uma enorme responsabilidade.

Estarmos conscientes e despertos, é por isso altamente imprescindível. A fim de que façamos o menor número de asneiras possível.

terça-feira, 10 de junho de 2014

#105 Músicas profundas


Já aqui tinha falado uma vez de "Agnus Dei" de Samuel Barber.

De facto, o meu apurado ouvido escuta verdadeiramente com atenção e agrada-lhe muito do trance mais psicadélico, do experimentalismo mais profundo, do black metal mais intenso, da fusão jazz mais tecnicista, da world music mais exótica e tantos, tantos outros caminhos aparentemente desconexos.

No fundo, eu próprio sou afinal uma extensão do meu ouvido: uma caixa de surpresas. Ou talvez não.

Simplesmente descubro a beleza onde outros(as) a não encontram. Vislumbro a paz no meio da guerra, encontro sorrisos perdidos no meio de lágrimas soltas, recortes de esperança em desgraças sem fim.

E volta e meia regresso a temas profundos (como o Agnus Dei) que caracterizam "estados" de espírito meus que são constantes e eternos, que revisito volta e meia (aliás, habitam em mim).

A mais íntima dor, pode sempre dar lugar à esperança e após a queda com o toque nas profundezas do abismo, abraçando os nossos fantasmas e demónios mais velhos, podemos de novo escalar a montanha mais alta e colocar a bandeira com o nosso brazão da paz inscrito.

Aqui cito hoje "Misa Criolla" de Ariel Ramirez, nomeadamente "Kyrie", ainda que por exemplo versões como a do tenor José Carreras, ou a do coro da UCLA University conduzida por Rebecca Lord com o tenor Joshua Guerrero e o barítono Ryan Thorn, sejam ainda mais fantásticas e a meu ver mais profundas que o próprio original, cuja capa de 1964 aqui reproduzo. 

Esta missa, onde repetidas vezes é cantado o trecho "Senhor tem piedade de nós (nosotros)" encontra uma intensidade tal e um clímax ímpar. Do mais simples que pode haver... Para mim, tocante.

De facto, entre variadíssimas críticas (fundamentadas) que coloco às mais diversas religiões (nomeadamente às instituições e protagonistas que as dirigem e dirigiram ao longo dos séculos) encontro e admiro obras de arte magníficas, nas suas mais diversas expressões, tendo a fé como fio condutor. 

Aqui fica o link https://www.youtube.com/watch?v=aiossDO5vRc para quem queira conhecer, nomeadamente a versão conduzida por Facundo Ramirez com a respectiva pauta.


#104 Escrever um novo fim


Escrever um novo início é impossível. Mas é sempre possível escrever um novo fim.

A vida traz-nos vivências e embala-nos em sonhos, que as ondas trazem e levam.  

Nem sempre conseguimos no imediato levar por diante as decisões que tomamos. Mas a cada esquina, existe uma nova oportunidade de agarrarmos o futuro com todas as forças.

Na verdade, os momentos e as memórias ficam gravadas, tatuadas que são a quente, no nosso Grande Livro dos Sentires.

Aprender com a experiência é tarefa dura... mas alcançável a uma alma pura.

Conservar esse estado de pureza inicial, ou recuperá-lo: isso sim é um desafio.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

#103 Viciado em livros


Acho que todos quantos gostamos de ler, em algum momento tivemos o sonho de ter um dia uma casa com uma biblioteca gigante só para nós.

Uma biblioteca a sério, com livros de perder de vista, com vários pisos, daqueles de se ter que subir a escada para ir lá acima buscar um título... ahhh...

E depois claro, tempo para os ler!

Recordo os tempos em que frequentava bibliotecas com regularidade. Depois, ganhei eu próprio o meu dinheiro e comecei a comprar mais livros. E depois ainda, a internet surgiu e com ela todo um novo mundo de possibilidades.

Continuo no entanto a gostar dos livros físicos. A manter aquela velha máxima: "um livro, um amigo" e a gostar de os folhear, de lhes sentir a textura, de lhes limpar o pó que acumulam ao longo dos anos.

Nem sempre leio muito... tem vezes! Nalgumas alturas devoro livros. Noutras, paro, penso e faço outras coisas, até porque de facto o tempo não chega para tudo.

Hoje em dia, sinto-me mais próximo de tomar a atitude de dar todos os meus livros, ou de pelo menos continuar a possibilitar que outros os leiam.

Na verdade, adoro poder disponibilizar "esses mundos por onde andei e ando ainda", a outros(as) para que façam essas viagens também.

E quão bom é ter quem comigo os discuta e comente volta e meia. É da discussão que nasce a luz, no confronto com a crítica, na observação de outros pontos de vista, enfim: na partilha.

LER, é um dos grandes remédios de sempre.






* a foto que ilustra este texto, é da Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, construída no séc. XVIII, possuindo cerca de 250.000 volumes e sendo uma das mais belas do mundo.

domingo, 8 de junho de 2014

#102 A coisa mais simples


Passamos uma vida inteira a correr atrás de várias coisas.

Tentamos ter o domínio sobre o tempo, sobre as paixões e as emoções. Perseguimos a felicidade e procuramo-la em objectos, em pessoas, em locais, em momentos.

Acumulamos histórias, coleccionamos memórias, mas... é afinal na simplicidade, que está a chave para o sorriso mais genuíno e mais verdadeiro.

E por isso mesmo: ETERNO.


sexta-feira, 6 de junho de 2014

#101 É ashtanga mas: não é "tanga" nenhuma


Uma das decisões deste ano, decorrente de mais uma grande viagem que fiz e bastante intensa, foi a de iniciar a prática regular de Yoga.

Alguém em quem muito confio, sussurrou-me ao ouvido que: "a fazer, deveria optar pelo estilo/via ashtanga".

Pensei logo nas aulas de yoga que já tinha assistido ao longo da vida. Engraçadas, mas muito meditativas e direi mesmo "paradas para o meu gosto" - já que para Meditação já me chega a prática regular e exclusiva da Transcendental (pelo menos para já e até ao retiro que farei de Meditação Vipassana).

Mas... esse sussurro dizia que: o ashtanga era bom para mim porque era o mais "puxado"...

Bom, lá fui experimentar. Ao fim de 15m: "suava a bom suar". 

Rapidamente concluí que: ou estava muito em baixo de forma (o que apesar de tudo não creio...) ou então ali se encontrava algo, a que eu não estava definitivamente habituado...

Regressei uma vez e outra. E ainda outra... tudo sob o olhar atento de alguém que sabe bem o que está a fazer e nos ensina com toda a paciência do mundo... (criança que sou ainda, também nesse universo).

É pois um "masoquismo" a que me submeto com prazer, pelos resultados que antevejo e cujos alguns vou inclusivamente já testemunhando.

Dou por mim a levantar-me pelas 06h15 mais coisa menos coisa e a entrar pelas 07h (de segunda a sexta) numa prática, que suspeito, me irá ficar para a vida, pese embora o esforço das eventuais menos horas de sono, ou de ser obrigado a uma melhor gestão dos horários quotidianos. Opções!


A seu tempo, espero conseguir fazer todas as posturas. É um caminho duro e lento... mas sei convictamente, que apesar do ponto em que começo: lá chegarei.


Mas antes ainda, há que aprender a respirar, o que no fundo tem sido o meu maior desafio desde sempre, enquanto asmático crónico que fui (debilidade essa que também tenho vindo a vencer).

Ashtanga, meus amigos e minhas amigas, não é *tanga nenhuma. É assunto bem sério. 

E é do melhor. Experimentem este remédio que não se arrependem.






* para os mais distraídos, "tanga": é um calão variante possível para "treta"; "mentira"; "fraude"; "aldrabice". 

#100 Nova vida


Mais coisa menos coisa, meio ano depois, dá para fazer um balanço (ainda que em alguma parte dos casos, tenha sido apenas uma intensificação e o início da regularidade de práticas que já vinha fazendo). Assim sendo:

Regime alimentar alterado              - check
Meditação diária e regular             - check
Início de prática de yoga              - check
Prática desportiva regular             - check
Diminuição maior de televisão          - check
Aumento exponencial de leitura         - check
Estudo de novas práticas espirituais   - check
Aumento da contemplação                - check
Ajudar ainda mais os(as) outros(as)    - check
Aceitar melhor, compreender, evoluir   - check


Entre outras mudanças e viagens de transformação efectuadas, claro que tudo isto aumentou drasticamente e como previsto: o meu Índice Pessoal de Felicidade.

Melhorou a gestão da dor, da angústia, da desilusão. Aumentou de uma forma inexplicável (ou não) a minha vibração para com o cosmos. Estou finalmente alinhado, pese embora a eterna necessidade de efectuar várias afinações... seres imperfeitos como eu, não são fáceis de limar. Eu sei.


Pelo caminho ficaram algumas pessoas, o que só não lamento, porque a vida é feita de ciclos e tudo dura o tempo que está programado para durar. 

A todos(as) esses(as) desejo o melhor. Sinceramente. Quem sabe nos reencontremos.

Sei que novas pessoas entrarão e ainda outras sairão. Faz parte. Sem dramas.

E assim chego ao meu post número 100, num blogue que me tem dado muito gozo manter e onde sei que muitos de vós (tantos que já mo confessaram) observam em silêncio e tomam estes remédios que vos ofereço.

Se são bons para mim: quem sabe também a vocês vos possam curar.

Alguns dos que me conhecem, aconselharam-me a ser menos espiritual publicamente. Que muitas pessoas poderão não estar preparadas para me conhecer desta forma.

Percebo-os. Lá está: pelos vistos nem eles(as) me conheciam. Sempre fui assim. A porta está permanentemente aberta para quem quiser sair e para quem quiser entrar. É esse o meu estilo.

Uma nova vida está à espreita, se quisermos. Mas agarremo-la com ambas as mãos.


quinta-feira, 5 de junho de 2014

#99 Compromissos de fé


Sempre apreciei a figura da Madre Teresa de Calcutá e não deixa de ser curiosa a forma como sempre exprimiu o seu carinho para com os desamparados, a sua vida asceta e o extraordinário sentido de humor com que brindava muitas das vezes os que com ela se cruzavam.

Disto lembrei-me, a propósito da última mensagem de um amigo meu que normalmente me envia textos de teor cristão, sendo sem dúvida um dos poucos que me lembro nos fóruns onde circulo, de afirmar a sua fé com toda a vivacidade e crença firme, desde tenra idade.

E admiro-o por isso. E gosto bastante dos textos que me manda. Aliás, disso já falei uma vez, ainda que noutro fórum do ciberespaço por onde já não viajo.

Também eu fui educado na fé da Igreja Católica Apostólica Romana, não obstante hoje em dia me afirmar noutro ponto da minha evolução espiritual. Mas relembro muito do que lá aprendi e muito faz ainda sentido. Outras coisas, não. E em definitivo.

Na verdade, em diversas religiões encontramos pelo menos um propósito positivo, ainda que não raras vezes seja deformado pelas suas instituições, pelos seus emissários e representantes.

Mas a verdadeira Fé, não está refém de qualquer credo ou Igreja. É uma prática espiritual individual, íntima e inabalável. Não nos formata, não nos escraviza, mas sim enaltece a diferença que cada um de nós apresenta, enquanto ser único e insubstituível neste mundo.

A verdadeira Fé, não se veste de ouro, nem se cobre de jóias preciosas. Não descrimina, não condena. Não faz a guerra. Não culpabiliza. Não afronta. Não reduz, não segrega, mas sim: acrescenta. 

Encontramos pois em nós, a verdadeira Fé original, quando perscrutamos na nossa essência. Quando amamos. Quando temos compaixão. Quando meditamos. E quando tentamos ser felizes, evitando magoar os outros, mas sim ajudando-os inclusivamente na sua caminhada.

Nessa Fé: acredito. 

E é essa palavra que levo a todos(as) com os(as) quais me cruzo e cruzarei até ao último dia da caminhada (desta).


quarta-feira, 4 de junho de 2014

#98 Saudades


Eu bem medito, bem pratico o desapego, mas 

ainda 
n ã o 
c o n s e g u i

deixar . . . 

de 

ter:  


s a u d a d e s.


S a u d a d e s disto. 

S a u d a d e s daquilo. 


S a u d a d e s do que vivi e não mais repetirei. 


S a u d a d e s do que não vivi e que não viverei. 


S a u d a d e s do que sinto ter vivido, mas que desta vez ainda não vivi e nem sei se voltarei a viver. 


S a u d a d e s de ter s a u d a d e s das vivências que já não fazem sentido. 


S a u d a d e s de fazerem sentido as vivências que ainda atravesso. 

Enfim: 


S   A   U  D  A  D  E  S