terça-feira, 19 de janeiro de 2016

#212 renascendo a verdade


A dor do parto equivale à dor da derradeira partida. Ambas nos trazem algo de novo. Um novo início, ou no segundo caso: um novo fim.

Com o tempo aprendi a perceber que "só pode partir quem algum dia de facto esteve". Por outro lado, "quem se instala, eventualmente não parte".

Nem é bom nem é mau, calejado que estou já, da vida e do viver. Simplesmente É assim. 

Compreendo hoje que a verdade é sempre objectiva, sempre simples. Deambulamos todavia pela estrada da subjectividade adentro, apenas perante a ausência da verdade absoluta. Exercício retórico, considerações teóricas, manuseamento de matrizes. Tudo distracções da verdade objectiva e absoluta.

A verdade não precisa de artefactos. De explicações. A verdade é clara, visível e impõe-se sempre, porque: é a verdade. 

Por isso talvez seja tão difícil fugir-lhe. Ela persegue, cerca-nos e apanha-nos sempre.

Ainda assim, é tempo de preferir a paz a ter razão. De buscar a serenidade por contraposição à luta, por mais justa e pacífica que por ventura seja.

É tempo de deixar que a verdade se instale... calma, silenciosa, sem avisar.

Que também ela encontre o seu caminho e opere o que entender. Que mostre a Luz, mas também a Sombra. Que deixe sobressair e cheirar o aroma das doces flores perfumadas que anunciam a boa nova, mas também o odor pérfido e putrefacto dos sentires já mortos, que jazem inanimados, procurando descanso na tumba subterrânea das oportunidades perdidas. Ou das esquecidas... Ou das que aguardam ver o novo dia e definham quase sem esperança.  

Mas um novo dia nasce sempre. Nascerá sempre! Com mais ou menos verdade. Qui ça com a renovação da mentira, mas até ela de olhos postos no horizonte e da sua singela oportunidade de transformação, impermanente que é tudo o que: É.

Que se transforme então, qual pequeno ser que aspira a sair do seu casulo e permitir fazer-se magia, qual borboleta que ganhará asas e ascenderá até ao sol que brilha e que desponta do zénite ao nadir.

Que a paixão de Ícaro nos não persiga e nos deixe voar!

Voar... Voar.






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