domingo, 28 de dezembro de 2014

#185 Tentaram-nos enterrar, mas não sabiam que éramos sementes.


A vida é uma imensa dádiva, não obstante as inúmeras lutas, (por vezes verdadeiras guerras mesmo!) que travamos diariamente, nos vários quadrantes onde nos movimentamos, material e espiritualmente.

O encontro da paz e da harmonia são tarefas não tão simples quanto esperávamos ser e somos desafiados, vezes sem conta a mudar de rumo, a alterar mesmo o nosso, ou até convidados a inverter princípios e valores.

No fundo, há sem dúvida que evoluir no pensamento. 

Há que aprender, há que escutar, há que caminhar. Mantenhamos uma postura atenta e naturalmente mantenhamos em aberto a nossa perspectiva crítica e o nosso olhar filosófico. Dialogando, indagando, observando... Em muito: observando.

Mas... na essência mais pura e mais íntima, naquela em que está a nossa identidade, a nossa alma, a nossa singularidade: não podemos permitir intoxicações. Devemos defendê-la até de nós mesmos, quando não estamos ainda de pleno acesso à hiper-consciência... baralhados(as)?

Bom de facto, tudo se resume a darmos voz à nossa intuição. Dar voz aos nossos outros sentidos (para além do mero tacto, olfacto, audição, visão e paladar), que não se manifestam com tanta afirmação apreciável a mentes menos despertas, como até a nossa o é, até dado momento do despertar...

Sejamos a semente da nova era, na construção do Ser pleno. Sem tabus ou preconceitos. Sem dogmas. Sem estereótipos.


"Tentaram-nos enterrar, nesta e noutras vidas... mas não sabiam que éramos sementes. Sementes de mudança."



sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

#184 O Beijo que morreu


Perdido, ganhou coragem e levantou-se, determinado. 
Estava decidido a mudar, o até agora: triste fado.

Contemplou e sorriu

de alguma forma seria diferente
o tempo afinal havia passado.


Uma nova vida, é uma nova vida.
Inclinou-se e abraçou,

o horizonte cheio de nada


caiu no vazio
beliscou o zero
e


constatou que o beijo não havia morrido
porque sequer ainda não havia nascido.


É que:

 jamais pode partir: 





quem nunca se atreveu a chegar.






* Vi esta imagem publicada no mural de uma velha amiga e inspirou-me a produzir este pequeno texto, bem diferente da concepção da imagem, que alegadamente aponta para uma nota de humor (que também subscrevo). Mas é isso que é belo nas palavras... podermos revisitá-las e significá-las a nosso bel prazer. Consoante os nossos sentires... ganham vida e não nos pertencem. 

São livres e voam... até caírem no peito de alguém. 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

#183 O Templo


Passamos a vida inteira a fugir de nós. De nós mesmos. Até que enfim, nos lembramos... 

Pelo meio: avanços e recuos. Eternas partidas e derradeiras chegadas. Dores, lágrimas mil... Mas também alguns sorrisos, que valem bem por todas as lágrimas enxugadas.

No capítulo das partidas, têm sido anos duros. Muito duros, até. Este ano continua a sua senda costumeira, premiando-me com a dor habitual. (nada de novo, afinal)

Pelo menos, compreendo melhor os fenómenos do apego e da aversão. E liberto-me agora, com maior desenvoltura e rapidez dessas armadilhas.

Volta e meia, a vida surpreende-me e traz algo de novo, mas na realidade sinto que estou numa espécie de loop contínuo. Certamente também por culpa minha. Porque... me esqueci. 


E  s   q    u     e   c i -  m   e     .   .    .


Estou por isso, cada vez mais de regresso ao Templo. Com maior frequência e regularidade.

Regresso a esse Templo, que fui construíndo interiormente, pedra sobre pedra, ao longo dos anos. Por vezes encontro-o abalado, mas jamais destruído.

Talvez também por isso, haja ainda lugares onde nunca fui, mas que reconheço e sei de cor como são... Isso, não obstante quase lhes tocar e sentir o cheiro. 

Na verdade, aos poucos a viagem vai sendo feita e as malas vão sendo fechadas. E.. não há como voltar atrás.



Boas Festas.




quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

#182 Tatua-me


Preenche-me de cor 

mas


por favor 
corta-me a carne.


Desenha-me o campo

ou 
o céu

ou


o espaço


Cobre-me de um véu
 e acolhe-me


 no 

teu 



e g a ç o. 



sábado, 20 de dezembro de 2014

#181 Ardente


Ardente ÉS, 
recordação distante,
 da cabeça aos pés
a montante e a jusante

me relembras...



Distância impermanente
memórias que perdeste, ausente

congelas o tempo
embrulhas em tons de esperança
saudades do que não vivi.

...e se Acaso me perdi
oxalá me encontres tu e 
jamais me largues.



ou que o porão onde guardas os teus sentires
me albergue já, 


perdido que estou.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

#180 Eu prometo


Demoraram anos e anos

mas aos poucos começo a lembrar-me.


Como poderia ser possível esquecer-te?
Depois de tudo o que já passamos juntos...

...tão marcante foi, que tive que
viver quase quatro décadas sem TI.

Talvez, para agora te redescobrir de novo
e começarmos exactamente no ponto em 
que terminamos a nossa caminhada, juntos.

Espero que me desculpes
ainda não te tratar com o carinho que mereces...


Prometo lembrar-me e fazer esse esforço
para merecer de novo

mais uma última 




VIAGEM.


Vou a caminho e nada me deterá. Acredita.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

#179 O Pai Natal e o miúdo morreram, faz 7 anos


11 de Dezembro de 2007, pelas 07h da manhã, recebia ao telefone a notícia que já esperava e que ansiava, dadas as condições.

Acabava de "partir para outras paragens", o meu Pai Natal. O alívio pelo fim do seu sofrimento, instalava-se em mim, num misto de paz e de saudade.

O Natal naturalmente jamais seria o mesmo. Ainda assim, desde a primeira hora, havia que mudar de página. E assim o tenho feito. Assim o temos feito todos.

Reencontro a alegria perdida nos sorrisos inocentes das crianças (que um dia fui e que de alguma forma continuo ainda a ser), no voluntariado que presto diariamente e indiscriminadamente, nas duas instituições que presido e nos sonhos que realizo. Meus e dos outros, porque a vida continua. Diferente, mas continua.

O Pai Natal morreu há 7 anos, mas o exemplo dele continua vivo no meu dia dia, os seus ensinamentos consolidaram-se em mim e naturalmente: o miúdo de alguma forma morreu, nesse dia também...

A vida é uma jornada imensa, cheia de potencialidades. Todos temos que partir um dia e mal daqueles que não se habituam a mais este patamar a que chegaremos.

A cumprirem-se as regras, o envelhecimento dá-se e leva-nos. Outras vezes, partimos mais cedo. E até lá... vemos partir muitos dos que mais gostávamos.

Sei que já cá estive várias vezes. Isso evidentemente, ajuda a compreender.

Não sei quantas estiveste, Pai... mas espero que para onde tiveres ido: trates bem o miúdo.




quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

#178 O impossível atrai-me e vou.



Amo o que é difícil. 
Gosto do desafio mais complexo, 
do desconhecido mais atrevido, 
do impossível mais extremo.

Para mim nunca é tarde para uma nova viagem, 
para dar a volta de 180º, de novo, 
que outrem considere tardia e 
manifestamente desmobilizadora.

Entre o mais conservador sabor da segurança, 
conforto e certeza,
prefiro a dúvida, o frio no estômago e 
o sabor da vertigem 

VIVER, é pois realizar a utopia
todos os dias e dia nenhum.

É sonhar e lutar
por novas concretizações.
É avançar quando os outros fogem
É cair e levantar de novo 


É chorar e sorrir e chorar e sorrir
e


continuar

domingo, 7 de dezembro de 2014

#177 Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos.


Esta frase da mítica escritora Anaïs Nin, é o mote para nos lembrarmos de como nos deixamos conduzir tantas vezes por caminhos falaciosos, onde a nossa visão sobre as coisas se deturpa e contamina todos os nossos sentidos.

O desafio de permanecermos focados, com o coração puro e resistentes a todas as contrariedades que nos possam por ventura surgir, é sem dúvida: tarefa árdua.

Como não projectarmos no "outro" que connosco se cruza, todos os nossos receios, medos e frustrações? 

Como conseguir separar a memória que temos do passado, as expectativas que temos do futuro e darmos uma hipótese ao: momento presente?

Direi eu, que o andar dos anos ajuda e muito a desvendar esse belo mistério da vida...

Saibamos permanecer determinados, sem no entanto ficarmos estáticos!

Saibamos evoluir, arriscar, errar e levantar rápido das quedas, procurando sempre em nós, o brilho nos olhos e o sorriso de criança, que também eu espero levar comigo, até ao meu último dia.  

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

#176 Ir


Não se ser de parte alguma, sem raízes que não as da dimensão do cosmos, pode trazer problemas.

Por vezes, mais que assumir a sensação de apátrida, sente-se uma amálgama de sensações de uma densidade maior que isso, despovoadas do que os sentidos banais encontram como correspondência. É-se pois, por aproximação, mais uma espécie de: "aplanetário".

IR - apresenta-se, não raras vezes, como a única e derradeira possibilidade. Mas IR para onde?

Feliz ou infelizmente, nada como uma noite a seguir à outra. O problema: ...quando já nem isso resolve.