quarta-feira, 3 de setembro de 2014

#139 A teoria e a prática


Desde sempre que teorizo sobre inúmeras matérias. Esse olhar atento sobre o mundo e sobre as relações humanas, acabou por levar-me até ao curso de sociologia onde li o que me apeteceu e entrei a fundo nos autores com os quais me identificava.

O curso lá vai há uns bons anos e a tal da licenciatura "já cá canta" - sofrível numas cadeiras e com distinção, noutras. De resto, como sempre a imaginei.

Relembro que desde sempre cumprimentei a vida com um sorridente "boom dia!", não obstante inúmeras dores que persistem desde tenra idade, mas que fazem de mim o homem completo e cheio que me sinto hoje. 

Actualmente, persiste o sorridente e sincero "boom dia!", entre avanços e recuos, entre lágrimas e sorrisos mil.

Recordo desde a adolescência, inúmeras alturas em que me pediam conselhos sobre os mais diversos temas, muitos deles sem nunca ter vivido eu sequer situações similares. 

Muitos dos assuntos pediam bom senso, apenas. Outros, o conhecimento de uma vida cheia de experiência que muitas vezes não tinha.

Mas os livros sempre me acompanharam, sempre convivi com as gerações mais antigas que a minha e sempre tive uma imparável sede de conhecimento... 

E assim, aconselhava e verificava depois com agrado, que os modelos teóricos que me inspiravam sobre as mais variadas matérias, misturados com uma boa dose de bom senso e com o que eu sentia ser o correcto, afinal: FUNCIONAVAM!

Era o regozijo de ver a vitória nos olhos dos que me pediam conselhos amorosos, profissionais, sei lá eu que mais...

O tempo entretanto avançava e com ele eu próprio vivia muitas das situações, tornando-me finalmente experiente e conhecedor no terreno de muito do que falava e augurava saber. Muito disso contribuiu para me sentir desde sempre uma: "alma velha"

Anos depois, insisto em alguns modelos de vida, que sinto no meu íntimo serem os mais correctos. Alguns aspectos importantes desses modelos, não os vivo plenamente (ainda). 

Talvez por medo, por receio, por dúvida, por achar que não chegou o tempo, por achar que ainda falta aprimorar mais um detalhe aqui ou ali, até passar para a próxima etapa. Estou a trabalhar nisso, com a natural evolução de pensamento que a vivência do dia a dia me oferece.


Na verdade a vida é o que quisermos! É um balão de ensaio para o próximo nível, como a entendo desde sempre.

É uma aprendizagem face a um objectivo que é o de nos tornarmos mais sábios, mais firmes no nosso propósito, de sermos mais o mais possível seres de luz e domar a tal sombra que reside em nós.

Vou a caminho de uma data de coisas belas, onde cada vez mais o intervalo da teoria e da prática se fundem num só.

Esse tem que ser sem dúvida um dos grandes propósitos da vida.

Claro está, que existe um universo de possibilidades e uma multiplicidade de escolhas! Todas elas conduzem a outras encruzilhadas que antecipadamente estudo, analiso e coloco em perspectiva. 

Mas no fim (quando sentir esse momento chegar) uma vez reunidos todos os dados e amadurecido o pensamento: decido sempre.



Estou em mais um desses grandes processos. E no fundo, até me sabe muito bem, porque:


"isso" é que é agarrar a vida com ambas as mãos!



2 comentários:

  1. Engraçado que quando comecei a ler pensei "alma antiga".... Tens, possívelmente, sabedoria acumudada de experiências anteriores ;) Adorei a analogia da vida a um balão de ensaio para o próximo nível .
    O BURACO

    1.
    Ando pela rua.
    Há um buraco fundo na calçada.
    Eu caio...
    Estou perdido... Sem esperança.
    Não é culpa minha.
    Leva uma eternidade para encontrar a saída.

    2.
    Ando pela mesma rua.
    Há um buraco fundo na calçada.
    Mas finjo não vê-lo.
    Caio nele de novo.
    Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
    Mas não é culpa minha.
    Ainda assim leva um tempão para sair.

    3.
    Ando pela mesma rua.
    Há um buraco fundo na calçada.
    Vejo que ele ali está.
    Ainda assim caio... É um hábito.
    Meus olhos se abrem.
    Sei onde estou.
    É minha culpa.
    Saio imediatamente.

    4.
    Ando pela mesma rua.
    Há um buraco fundo na calçada.
    Dou a volta.

    5.
    Ando por outra rua.

    Texto extraído de O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, de Sogyal Rinpoche

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    1. Brilhante. A propósito, é um dos livros que me marcaram mais.

      Beijos mil e que as tuas ruas te mostrem flores plantadas, nos buracos em que por ventura caíres.

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