terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

#3 Dos remédios


Gosto das palavras simples e escorreitas. Da forma como discretas e aprumadas me descrevem a preceito. Nelas caminho por ruas e vielas estreitas, umas decerto mais acostumadas por me conhecerem já o conceito.

Todavia, também aprecio a sua ausência e gosto de lhes ter saudade... Gosto pois, de escrever com verdade!

Dispo-as e visto-as neste ofício que me alivia, que desde miúdo me nutria, que me sempre me deu mais confiança.

Nem sempre todos as entendem. Mas se mesmo quando falo, sujeitos há que não as compreendem... 

Talvez coloque mal o verbo, ou o substantivo, ou qui çá me baralhe e me atropele... Que isso nunca seja limitativo de assumir tudo aquilo que a minha alma me pede.

Nos tempos que correm, muitos acham que este ofício é já do passado, que escrever não nos leva a qualquer lado e que as letras são para os velhos. Na verdade, desses há os que morrem, sem nunca terem lido um poema, sem nunca terem tido o dilema de perder algum bocado: a descobrir estes conselhos.

Por isso me fartei de tantas fotografias, pese embora lhes ache piada. Resgatei de novo o sonho que se esconde por detrás do tudo e do nada.

Cansei-me dos retratos, dos jogos e das invasões de privacidade e regressei aos velhos tempos de beber um café com amizade.

Se calhar ainda sou novo e não o devia fazer, "mas se mal se nasce já se começou a morrer"...

Cansei também dos jogos de bastidores, dos ódios e dos amores. Da mentira fácil e comprida, da dor infligida e não sentida.

Só a música companheira não me abandona, apesar do silêncio que por vezes assim a toma e conserva, como prisioneira.

Por isso não me incomoda se aqui vêm poucos ou muitos, se tenho mais ou menos comentários, se tenho nenhum ou mil seguidores. Que os que gostam partilhem e se sintam uns amores, ou que outros gozem às escondidas com as palavras que não compreendem, perdidas nos seus cérebros ocos e toscos que nem rebocados foram.

Mas se um dia doentes estiverem, também lhes darei dos meus remédios, porque assumi essa missão. Tenho remédios para as dores das costas, da cabeça e do coração. 

Como avisei antes, não correm risco de sobredosagem e não engordam, pelo que não vos danificam a preciosa imagem. Podem tomar de dia ou de noite e sem ninguém saber, podem até quem sabe começar um dia também vós a prescrever.

Tomem em jejum, ao acordar, ou só à hora de ir deitar!




São pois estes os meus medicamentos mas atenção tenham cuidado e não os tomem como alimentos! Atentem em mim que comecei desde puto e resultado?





...fiquei viciado.

4 comentários:

  1. A vantagem do computador é que também é feito de silencio...mesmo que sejam muitos a “falar” é só querermos-…, fica apenas o silêncio e nós próprios (os que têm essa coragem).
    Eu continuarei a ler-te, aqui também, afinal eu adoro ler, e parece que fiquei viciada na forma como te exprimes na escrita, para além dos temas, que abordas sempre uma forma acessível, claro para não falar do lado humanitário. E gosto das imagens escolhidas desta página.
    Por tudo isto continuarei a seguir também no teu blog.
    Tenho a certeza que no mar por onde navegas irás ter bons ventos por norma e, encontrarás diversos portos, alguns … serão sem dúvida fantásticos.
    Beijinhos

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    1. Querida Ana, és sempre bem-vinda. Toma todos os remédios que queiras e as vezes que quiseres. Uns serão por ventura mais doces e outros mais amargos. Mas não é assim, afinal a vida? Bjs.


      ACASO

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    2. Que bonito. Gosto muito de como (e do que) escreves... Simples, profundo, verdadeiro. Bebo as tuas palavras com entusiasmo. Bem dita a hora que começaste este trilho, sem a velocidade fast do face (onde nem sequer eramos amigos). Abraço. Grata pela partilha

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    3. Dinamene, alegram-me e encorajam-me as tuas palavras. É de facto outro caminho, o meu. O nosso. Beiijnhos grandes, aparece sempre.

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